domingo, 13 de abril de 2014

ama.te.

Ama.
Lavar os dentes ao lado de quem amas.
Apalpar-lhe descaradamente o rabo.
Comer chocolates até te fartares.
Passar a noite a dizer asneiras.
Beijar sempre de língua.
Passar o dia a dizer asneiras.
Mandar o chefe bugiar.
Passar a vida a dizer asneiras.
Deixar declarações de amor escondidas pela casa.
Fazer o teu pai feliz.
Preguiçar regularmente.
Fazer a tua mãe feliz.
Atirar o despertador à parede periodicamente.
Fazer quem tu puderes feliz.
Dormir quinze ou vinte horas seguidas.
Pôr a mão de fora do vidro do carro.
Pintar o cabelo de azul ou de amarelo.
Pôr a cabeça de fora do vidro do carro.
Cantar no banho para todo o prédio ouvir.
Lamber a tampa dos iogurtes.
Correr que nem um louco na praia.
Falhar que nem um burro só porque tentas.
Praticar sexo oral com frequência.
Tentar que nem um burro só porque queres.
Mudar a decoração de casa num dia só.
Dançar quando estás feliz.
Passar horas só a cuidar de ti.
Dançar quando estás triste.
Dizer bem de quem amas.
Enfiar o dedo no nariz às escondidas.
Dizer bem de quem não amas.
Dançar enquanto estás vivo.
Guardar segredos inconfessáveis.
Experimentar posições sexuais improváveis.
Contar segredos inconfessáveis.
Masturbares-te sem qualquer culpa.
Ter segredos inconfessáveis.
Ver quanto dá o teu carro.
Dizer o que não se pode dizer.
Cagar assiduamente nas convenções sociais.
Sonhar com o que não pode acontecer.
O orgasmo sempre que puderes.
Coçar e ser coçado nas costas.
O gemido sempre que souberes.
Passar muitas horas a contar anedotas.
Adormecer todo torto no sofá.
Passar muitas horas a ouvir anedotas.
Rir que nem um desalmado.
Fazer um penteado estrambólico só porque te apetece mudar.
Rir por tudo e por nada.
Chorar a torto e a direito.
Rebolar na areia quando estás todo molhado.
Chorar porque também é um direito.
Abraçar o teu gato ou o teu cão.
Mandar a austeridade tomar no cu.
Beijar incansavelmente.
Não te levares minimamente a sério.
Dispensar quem te chateia.
Tocar um instrumento qualquer.
Perdoar quem é humano.
Desistir do que não te serve.
Lutar pelo direito à parvoíce.
Escrever um livro.
Dar prioridade ao prazer.
Ler um livro.
Nunca desistir de quem amas.
Aprender desvairadamente.
Fazer cadeirinha com quem amas.
Ensinar desvairadamente.
Perder a respiração pelo menos uma vez por dia.
Nascer pelo menos mais uma vez do que as vezes em que morreres.
Viver desvairadamente.
Te.

sábado, 5 de abril de 2014

péssimo

- Desculpe. Sei que arruinei a noite passada.
- Não é por isto que estou chateada.
- Não me orgulho disso...
- Como posso te ajudar, sem saber que está com problemas?
- Eu entendo! E me sentiria do mesmo jeito, mas não se preocupe comigo. Tenho tudo sobre controle.
- Você parece péssimo.
- É, me sinto péssimo.

segunda-feira, 24 de março de 2014

tchau, e se acabou.

Se você esta pensando que eu estou me importando…
Claro que eu estou!
 Eu não sou feito essa gente, que ama e de repente: Tchau, e se acabou.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A mulher que ninguém quer, eu quero.

Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar de uma ideia ou de uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu. Que me amaldiçoe se abandoná-la. Que faça trabalhos em terreiro para me assustar e me banhe de noite com o sal grosso de sua nudez. Que feche meu corpo quando sair de casa, que descosture meu corpo quando voltar. Que brigue pelo meu excesso de compromissos, que me fale barbaridades sob pressão e ternuras delicadíssimas ao despertar. Que peça desculpa depois do desespero e me beije chorando. Que deixe que os nossos corpos falem quando não há palavras para serem ditas. A mulher que ninguém quer, eu quero. Contraditória, incoerente, descabida. Que me envergonhe para respeitá-la. Que me reconheça para nos fortalecer. A mulher que não sabe amar recuando e não tolera que eu ame atrasado. Que parcele em dez vezes seu dia, que não pague a conversa à vista na hora do jantar, que não junte suas notícias para contar de noite como um relatório. Admiro os bocados, as porções, as ninharias. Alegria pequena e preciosa de respirar rente ao seu nariz e definir com que roupa vou ao serviço. O amor é uma comissão de inquérito, é abrir as contas, é grampear o telefone, é cheirar as camisas. É também o perdão, não conseguir dormir sem fazer as pazes. O amor é cobrança, dor-de-cotovelo, não aceitar uma vida pela metade, não confundi-la com segurança. Exigir mais vontade quando ela se ofereceu inteira. Enlouquecê-la para pentear seus cabelos antes do vento. Enervá-la para que diga que não a entende. E entender menos e precisar mais. Quem aspira ao conforto que se conserve solteiro. Eu me entrego para dependência. Não há nada mais agradável do que misturar os defeitos com as virtudes e perder as contas na partilha. Não há nada mais valioso do que trabalhar integralmente para uma história. Não raciocinar outra coisa senão cortejá-la: avisá-la para espiar a lua cheia, recordar do varal quando começa a chover, decorar uma música para surpreendê-la, sublinhar uma frase para guardá-la. Sou doido, mas doido varrido. Bem limpo. Aprendi a usar furadeira e agora entro fácil em parafuso. Quero uma mulher imatura, que possa adoecer e se recuperar do meu lado. Uma mulher que me provoque quando não estou a fim. Que dance em minhas costas para me reconciliar com o passado. Que me acalme quando estou no fim do filtro. Que me emagreça de ofensas. Não me interessa um tempo comigo quando posso dividir a eternidade com alguém. Quero uma mulher que esqueça o nome de seu pai e de sua mãe para nascer em meus olhos. Em todo momento. A toda hora. Incansavelmente. E que eu esteja apaixonado para nunca desmerecê-la, que esteja apaixonado para não diminuí-la aos amigos.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Conversa de final de ano

Alguns (poucos) dias faltando para 2014 chegar e o telefone toca. Do outro lado da linha era você. Você.
- Atão. Vens passar o ano novo cá?
- Não. Não vou. Eu sei que em julho eu tinha prometido que eu ia. Eu sei que é aniversário da sua mãe! E que ela é a pessoa que eu mais gosto na sua família. Mas não vou, porque perdi. E eu sabia que só ia perder quando eu desistisse. Pois estava em uma luta sem fim. Eu te amo. Não é de hoje. E você sabe muito bem disto. Já fiz e refiz mil coisas para provar meu amor por você. E  a gente fica junto. Depois já não fica mais. E o tempo passa e sempre nós encontramos no mesmo lugar. Então, não quero mais isto. É 2014 e eu quero começar esse ano com coisas novas. Quero me desapegar de todas as velhas e meu amor por você é a primeira coisa que quero me livrar para 2014. Pois eu sou muito bom para ser o cara que você liga quando quer transar e você também e muito boa para ser a garota que eu ligo para o mesmo. Não merecemos isto. Eu mereço seu coração por inteiro, do mesmo jeito que você tem o meu. Até porque eu te aceito do jeito que é. Completa. Com sua carreira, com seu sucesso, com seus fãs e seus problemas pessoais. Eu nunca te pedir para deixar de ser o que você é como ele fez. Eu queria o pacote completo e você não quis me dar ele…Não vou. Deseje a sua mãe um feliz aniversário. Que 2014 seja maravilhoso para vocês duas e que você coloque a cabeça no lugar. Mas quando colocar, não venha me procurar. Já será tarde demais. Acabou.


Assim que meu desabafo saia, no meu coração eu sentia todo o amor que sinto por você se renovando. E naquele momento se você me respondesse dizendo que me amava, que queria a mim e a mais ninguém eu iria ter retirado todas aquelas palavras e te querer de volta. É acho que 2014 não terá nada de novo. Vou continuar nessa roda gigante. 

domingo, 4 de agosto de 2013

as regras do jogo

- a gente pode ficar sexta e sábado grudados. 24 horas por dia, até se enjoar de tão grudados. mas o domingo é dela.
- você não é pai dela!
- não sou. mas você também não é minha namorada.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

confusão

Já escrevi e reescrevi este texto um milhão de vezes. As palavras não me ajudam. A insônia também. Mas tudo o que eu quero dizer é para você me enxergar inteiro como eu sou. Cada pedaço, que valorize todos eles. E já que está aqui, que seja para ficar de vez. Não aguento mais essas idas e vindas. Não aguento mais essa história mal escrita. Ou é ponto final, ou é felizes para sempre. Sim, espero que seja felizes para sempre. Mas isso depende inteiramente de você, da sua falta de juízo e de perceber a merda que você tem do seu lado e chama de namorado....

terça-feira, 21 de maio de 2013

da saudade...

deixa eu falar da saudade? da manhã de domingo dentro daquele antigo quarto. dos passos que me acordavam. da porta trancada. da voz alta falando no telefone. da música alta. da maçã cortada na metade. do requeijão na bolacha. do relógio do video cassete. do suco de laranja. das tardes depois da escola. da cumplicidade. do reconhecimento. de chegar em casa. deixa eu falar da saudade? das garrafas de cerveja jogadas. das tintas espalhadas pelos corpos. das roupas cortadas. do farol parado. daqueles abraços. dos sorrisos. das piadas que são nossas. de saber quem é. de saber quem sou. de poder contar. de conhecer. de ter história. de ter passado. de ter raiz. de ter certeza. de pertencer. deixa eu falar da saudade? dá solidão. dá dor. dá frio. dá medo. dá incerteza. dá insegurança. dá lágrima. dá vazio. dá buraco. dá carência. dá desespero. dá ressaca. dá saudade.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

a escolha certa

(faz tempo que não venho por aqui, até prometi que voltaria a alguns meses atrás. mas a vida é assim, sem planejamento mesmo...então peço perdão por este "desabafo" que pode ser uma volta. ou não)

logo que cruzei a porta do meu novo emprego. isto a alguns anos atrás, dei-me de cara com uma gaja com cara de criança. que me fez pensar se eu estava no lugar errado. mas ela logo colou-se a mim com um sorriso no rosto, a dizer que amava brasileiros. que era para eu ficar falando sozinho pois adorava escutar o meu sotaque. eu podia dizer ali que tinha feito a escolha certa. que esta seria a minha grande amiga. mas não. escolhi passear nos outros andares. ver o que se passava por lá. e com isto, fiz boas amizades. das quais não me arrependo. mas foi no dia em que fui fazer a primeira apresentação de uma proposta que olhei para as pessoas da mesa e está mesma menina, da qual eu pouco falava, olhou nos meus olhos e disse baixo: calma, dará tudo certo. aquilo ficou gravado na minha memória.  a gaja com cara de criança, além de tudo era muito fofa. mas eu andava com outro pessoal. o pessoal de produto, que não ligava para nada das cenas de gráfico. e ela era de gráfico. chegávamos a nos ver algumas vezes, nas saídas da firma. nosso grupo de amigos tinham amigos em comum. até trocávamos algumas palavras, mas não éramos amigos. até o dia que tocou o meu telemóvel com uma mensagem: vai lá fora comigo? eu passei os olhos pelo pessoal do atelier e vi a gaja com cara de criança, olhado para mim. fomos para fora e ela chorou. chorou como se nos conhecêssemos a tantos anos. como se eu fosse amigo de infância dela. e eu tentei aconselhar ela. mesmo com toda a minha falta de jeito. desde então, viramos muito amigos. ela me apresentou o mundo gráfico com mais cores, linhas, letras minúsculas ou só maiúsculas. ela foi abrindo meu olhar, mostrando o quanto eu poderia crescer. e eu fui aproveitando e crescendo profissionalmente. mas fora do trabalho, éramos amigos mesmo. dela me contrar dos problemas dos gajos dela, ou deu contar que estava solteiro de novo e ela me arrumar a amiga dela "bué boazuda". é claro que houveram desentendimentos também, mas foram tão poucas vezes, mal dá para se lembrar. até sexta-feira. pois fiz a escolha certa de não ir trabalhar. estava mesmo doente. só me sabia tão bem a minha cama. e quando deu 20hrs no relógio a campainha tocou. era ela. cheia de boa vontade, de amizade, querendo cuidar de mim. me fazer companhia. com um gesto todo querido. ela havia programado cada segundo da sexta-feira. me apresentou a série que ela tanto gosta. só que os plano para sexta-feira prolongaram para sábado e domingo. foram dias muito bem passados, tão bem passados que parecia que vivíamos em um mundo paralelo, esquecemos as responsabilidades, tudo o que existia da porta e janela de fora da minha casa. ao ponto de nos encontramos nus olhando um para a cara do outro, em uma mistura da "bobagem que tínhamos feitos com" com a "bobagem do quão bom tinha sido". pois no final do domingo a realidade batia a porta, tínhamos consequências a arcar. meu coração têm dona e uma dona daquelas que mandam a muitos anos. o dela também. então como iríamos sair desta situação? não queria estragar minha amizade com a gaja mais porreira que conhecia, também não estava pronto para entrar em um relacionamento. não podia enfiar todo aquele amor por goela abaixo e dizer dizer que não existia mais. que eu não ligava se ela anda com fulano ou sicrano. mas ao mesmo tempo tinha alguém maravilhoso na minha frente. que realmente me dava valor, ao invés de só falar. foi assim, com todos estes pensamentos que me deitei no domingo, tentando fazer o pensamento: o tempo ajeita tudo, ser o maior deles. e com esse lema fui segunda-feira trabalhar, cheguei e não encontrei a menina e fui conversando com uma pessoa, com outra até a hora que meu telemóvel toca e eu saio para fora para atender, assim que abri a porta, ela estava lá e com o sorriso mais querido do mundo, me abraçou. um abraço tão verdadeiro. tão rico de sentimentos que não dá para explicar. e mesmo todo o carinho ao longo do dia, não dá para explicar. a maneira como ela mexia no meu cabelo, como falava comigo. eu só tinha a certeza, foi a escolha certa.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Os donos do tempo

No fim do ano passado, eu estava numa fase superocupado. Frilas, trabalho, trabalho de conclusão de curso do mestrado,  ginásio. Meio sem paciência, decidi diminuir o ritmo em alguma coisa. Escolhi meu hobby: o ginásio, que é às 8h15. Comecei a chegar atrasado, para aliviar meu dia. Beleza.

O treinador não chiou. Até meados do semestre, eu tinha sido um aluno aplicado. E, mesmo com os atrasos, estava longe de estourar meu limite de faltas. Mas eis que, um dia, no intervalo entre os exercícios, eu meus colegas estávamos conversando sobre… sono. Sei lá, por quê. Comentei que costumava dormir oito ou nove horas todos os dias. Terror. Censura. Pânico! Um deles disse: “Como assim, você dorme oito ou nove horas por dia? E ainda tem a cara-de-pau de dizer que está sem tempo?!”

É, ué. Sem tempo. Posso tomar café-da-manhã na frente do computador, se estiver enrolado. Mas prefiro sacrificar outras coisas – como a assiduidade ao ginásio – a diminuir meu sono.

Lembrei de um colega meu da ética. O dia-a-dia dele contava com duas atividades principais: ele fazia mestrado à noite e tinha uma bolsa. Pela bolsa, ele tinha que trabalhar quatro horas por dia… duas vezes por semana. Não é o que podemos chamar de um workaholic, convenhamos. Mas, mesmo assim, depois de alguns meses, ele desistiu da bolsa.

Eu: Como assim?
Ele: Eu não tinha tempo para estudar.
Eu: Mas sua bolsa não tomava nada do seu tempo!
Ele: Nada, não. Quatro horas por dia, duas vezes por semana.
Eu: Mas era do lado da sua casa… mas… mas…

Quis saber como ele administrava o tempo. Ele contou. O café da manhã leva mais de uma hora: afinal, ele gosta de tomar café com calma. O almoço, duas horas. A caminhada depois do almoço é sagrada. Quando ele se dava conta, já era hora da aula e ele não tinha estudado tudo o que queria.

Por outro lado, quando esse meu colega precisa estudar muito, ele dorme três horas por dia.

Ninguém me pediu nenhuma sugestão de como levar a vida e não encher a paciência dos outros, mas aí vai. Quando alguém disser que está sem tempo, acredite. Deixe a pessoa lá com o tempo dela! Porque os relógios podem discordar de mim o quanto quiserem. Mas, realmente, o tempo não é igual para todo mundo.